![]() |
Náutico, campeão de 2018, também líder na primeira fase |
O Campeonato Pernambucano de 2020 começa neste fim de semana e o Náutico já começa com clássico. Um clássico na abertura do campeonato teria tudo para ser um grande motivador para as torcidas e, consequentemente, um jogo de grande público, mas não é isso tem acontecido nos clássicos das fases iniciais do campeonato estadual nos últimos anos. Pelo contrário: a primeira fase tem despertado pouco interesse, tanto pelos clubes, quanto pelo torcedor.
Desde 2010, o Campeonato Pernambucano adotou a fórmula de mata-mata nas fases finais e a primeira fase se tornou um mero classificatório da qual os clubes praticamente não levavam nenhuma grande vantagem para a fase seguinte. Em 2010, os melhores colocados até jogavam por dois resultados iguais no mata-mata, mas, desde 2011, o regulamento prevê pênaltis em caso de igualdade e a vantagem tem quase que se resumido a ser mandante no jogo decisivo. Na prática, poderia se dizer que o campeonato só começava de verdade a partir da segunda fase.
Esta percepção de irrelevância da fase inicial tem sido evidenciada quando se compara, ano a ano, o "campeão da primeira fase" e o campeão do campeonato. De 2010 a 2017, quando o mata-mata previa dois jogos nas semi-finais e dois nas finais, apenas no primeiro ano, 2010, o primeiro colocado na fase inicial foi campeão. Coincidentemente, este foi o último ano em que a campanha da primeira fase dava vantagem na fase seguinte e o campeão foi decidido justamente pelo critério de desempate (melhor campanha na primeira fase), já que os placares das finais foram Náutico 3x2 Sport e Sport 1x0 Náutico. Em todos os anos seguintes, o regulamento passou a prever pênaltis em caso de igualdade, independentemente da campanha dos times. Em todos estes anos, de 2011 a 2017, o primeiro colocado da primeira fase não terminou o campeonato como campeão. Foram sete anos consecutivos assim.
Já em 2018 e 2019, a previsão de pênaltis continuou, porém uma mudança sutil no regulamento valorizou um pouco a primeira fase. O campeonato passou a prever quartas-de-final. Além disso, as quartas e as semifinais passaram a ser realizadas em partida única com mando do time de melhor campanha. E aí reside o ponto chave. O time poderia até ser superior, mas decidir uma classificação na casa de adversário em jogo único representava um risco enorme. Até mesmo se os times fossem equilibrados, a vantagem do mando se tornava importantíssima. Não foi surpreendente que, em 2018, todos os quatro confrontos das quartas e os dois das semifinais terminaram com a classificação dos mandantes. Em 2019, o fenômeno só não se repetiu em um confronto das quartas-de-finais, quando o Santa foi eliminado pelo Afogados, no Arruda. Nos demais três jogos deste fase e nos dois das semifinais, vitórias dos mandantes. No total, nos dois anos, foram onze classificações dos mandantes, todas com vitória no tempo normal, e uma eliminação de mandante, neste caso, nos pênaltis. Nos dois anos, coincidentemente, o campeonato foi decidido, em duas partidas, pelos dois primeiros colocados na primeira fase e os campeões foram justamente os líderes da primeira fase: Náutico, em 2018, e Sport, em 2019.
Apesar do torcedor e os clubes não darem muita importância, colocando times reservas em algumas partidas, o histórico mostra que não se deve mais desvalorizar a primeira fase. Ter o mando de campo em confrontos de partida única é fundamental. Para 2020, uma nova mudança no regulamento aumenta ainda mais a relevância de uma boa primeira fase. Agora, os dois primeiros colocados "pularão" as quartas-de-finais e irão direto para as semifinais. Além disso, continuarão com o mando de campo em partida única nesta fase. Um risco a menos a correr.
Portanto, é preciso estar ciente da relevância da primeira fase. O Náutico terá, simultaneamente ao Pernambucano, jogos importantes da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. Poupar jogadores, muitas vezes, é necessário, mas não se pode exagerar. É preciso ter elenco qualificado e saber "rodar" o time na hora certa para conseguir uma boa classificação nesta fase e levar vantagem nas fases decisivas e, dessa fora, facilitar a caminhada rumo ao título.