terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Pênalti é com Júlio Cesar

Um ano e meio defendendo o gol alvirrubro. O goleiro Júlio Cesar chegou ao Náutico no segundo semestre de 2014. Estreou contra o Vasco da Gama, na Arena Pernambuco, e não mais saiu. Sua segurança rendeu status de titular absoluto até hoje. Defesas milagrosas deram-lhe crédito suficiente com a torcida até mesmo para cometer algumas falhas sem ser questionado. Das inúmeras boas atuações, o paredão alvirrubro se destaca justamente no momento mais difícil para o goleiros: as cobranças de pênalti.

Desde sua estreia até o começo de fevereiro de 2016, a meta Timbu foi ameaçada por dez pênaltis. Mas o gol adversário só foi concretizado em apenas três oportunidades. Júlio Cesar defendeu nada menos que metade dos pênaltis: cinco belíssimas defesas. Em outras duas oportunidades, o batedor tremeu na base ao ver o paredão à sua frente e desperdiçou a cobrança. Confira o histórico dos dez pênaltis:

1º pênalti: primeira defesa


No Campeonato Brasileiro de 2014, na Arena Pernambuco, diante da torcida, Júlio Cesar defendeu pênalti e garantiu a vitória parcial do Náutico no primeiro por 1x0 contra a ABC. O jogo terminou 2x1 para o Náutico.

2º pênalti: para fora

Na estreia no Campeonato Pernambucano de 2015, o Náutico enfrentou o Salgueiro. Lúcio teve a chance de abrir o placar, mas a presença do goleiro alvirrubro não o deixou tranquilo. Lúcio bateu para fora e Júlio Cesar chegou ao segundo pênalti sem sofrer gols.

3º pênalti: segunda defesa


Na Copa do Nordeste de 2015, no Estádio Castelão, contra o Moto Club, Júlio Cesar defendeu mais uma cobrança e, novamente, garantia uma vitória parcial no primeiro tempo. Júlio Cesar chegava a três pênaltis, ainda sem sofrer nenhum gol.

4º pênalti: terceira defesa


Novamente na Arena Pernambuco, dessa vez jogando contra o Santa Cruz, veio o quarto pênalti e a terceira defesa. Era o segundo tempo do clássico, válido pelo Campeonato Pernambuco de 2015. Júlio defendeu a cobrança do atacante Betinho e garantiu o empate em 0x0.

5º pênalti: primeiro gol sofrido

Demorou até que alguém conseguisse vencer o paredão em cobranças de pênalti. Somente no quinto pênalti, Júlio Cesar sofreu o primeiro gol. Anderson Aquino conseguiu a proeza de fazer o gol solitário da derrota do Santa Cruz por 2x1 para o Náutico, na Arena Pernambuco, pelo Campeonato Brasileiro de 2015.

6º pênalti: na trave

Na sexta cobrança de pênalti, mas uma vez, a bola não entrou. Na partida contra o Bragantino, o atacante tentou tirar a bola do alcance de Júlio Cesar e acabou tirando demais. Júlio Cesar pulou no canto certo, mas a bola acabou batendo na trave e saindo.

7º pênalti: segundo gol sofrido

O segundo jogador a vencer Júlio Cesar na marca penal foi Lucca, do Criciúma. Ele não quis arriscar e soltou uma bomba no canto direito do goleirão. Novamente, Júlio pulou certo no lance e a bola só entrou porque foi batida forte e no alto. Foi por pouco. Quase mais uma defesa.

8º pênalti: quarta defesa


Júlio Cesar voltou a brilhar na partida contra o América Mineiro. Sabendo da fama de pegador de pênalti, o atacante Marcelo Toscano usou a mesma tática de Lucca e bateu com força no canto direito, mas Júlio Cesar não cairia duas vezes seguidas na arapuca: voou e espalmou a bomba para fora, chegando a sua quarta defesa.

9º pênalti: terceiro gol sofrido

Novamente contra o Santa Cruz. Mais uma vez viria a cobrança forte? O atacante Bruno Morais teve que reinventar sua cobrança e conseguiu deslocar o paredão. Foi o terceiro e último gol de pênalti sofrido por Júlio Cesar nesta retrospectiva de dez.

10º pênalti: quinta defesa


No décimo pênalti, a quinta defesa. Agora já em 2016, pelo Campeonato Pernambucano, Júlio Cesar defendeu a cobrança do zagueiro Rogério, do Salgueiro, e garantiu a vitória por 1x0, para festa da torcida. Dessa forma, fechava a sequência de dez pênaltis com cinco defesas e sendo vencido apenas três vezes. Para fechar com chave de outro, em vez da foto, o vídeo da defesa feito no meio da torcida.

Assim ficou a retrospectiva:

PênaltiAdversárioResultado
1ABCDefendeu
2SalgueiroPara fora
3Moto ClubDefendeu
4Santa CruzDefendeu
5Santa CruzGol
6BragantinoNa trave
7CriciúmaGol
8América MineiroDefendeu
9Santa CruzGol
10SalgueiroDefendeu

Pênalti contra o Náutico? Chame Júlio Cesar!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Tarcísio, o Bonzão e os chatos

Em uma época não muito distante, o futebol pernambucano era bem mais animado fora das quatro linhas. As arquibancadas era coloridas por bandeiras, fogos e chuva de papel picado. Os clássicos tinham duas torcidas praticamente dividindo o estádio ao meio. Cada clube tinha diversas pequenas torcidas organizadas que só pensavam em fazer barulho com suas charangas (e não brigavam). Torcedores iam "a campo" fantasiados. A imagem mais comum de torcedor, nos anos 70 e 80, vestia a camisa do seu time e segurava um radinho de pilha colado aos ouvidos.

Ao longo dos anos, daquela época até hoje, a forma de se vestir e a forma como se comportavam nas arquibancadas produziram algumas figuras folclóricas. Vários torcedores tornaram-se famosos e entraram para história do futebol pernambucano: Zé do Rádio, Mister N, Cobrinha, Cabuloso, Papai Noel Alvirrubro, Jesus Tricolor, entre outros. Em 1989, um símbolo desse folclore futebolístico surgiu nas arquibancadas: o Bonzão. Um timbu em forma de boneco de Olinda, que frevava ao som da charanga da torcida Timbucana.

Era uma época romântica do nosso futebol. Romantismo que foi se perdendo, ao longo dos anos, por diferentes motivos. Como consequência, várias transformações ocorreram: as várias torcidas organizadas foram sumindo ou se fundindo. A Timbucana foi uma dessas torcidas que desapareceu e o Bonzão já não era mais visto nas arquibancadas. Cada clube passou a ter menos torcidas organizadas, porém, agora maiores e mais violentas. Durante esse tempo, bandeiras com mastro e fogos tiveram que ser banidos. Os clássicos passaram a ter torcida predominantemente do clube mandante e, à torcida visitante, coube apenas um setor pequeno e mal localizado nos estádios.

Dos torcedores famosos, Zé do Rádio era um desses e ficou famoso por ir àquele campo perto do mangue com um enorme rádio de pilha, que ele deixava no volume máximo justamente atrás do banco de reservas do adversário de seu time. A intenção, ele nunca escondeu: fazer barulho e infernizar o treinador do clube rival. Sua fama logo lhe rendeu o título de "torcedor mais chato do Brasil". Durante anos, Zé do Rádio foi exaltado por sua torcida e pela crônica esportiva pernambucana por tornar o futebol mais alegre. Mas Zé do Rádio foi morar no Céu e sua alegria parece não ter ficado aqui na Terra.

Já nos tempos atuais, parece que Zé do Rádio deixou um sucessor, mas que torce para outro time. Mais precisamente, Tarcísio da Buzina, torcedor do Salgueiro, que, também usa seu instrumento, uma enorme buzina, para fazer o mesmo que seu antecessor: infernizar o treinador visitante no Estádio Cornélio de Barros. Mas aquele romantismo de outros tempos, em nosso futebol, parece que foi esquecido. Quem diria que, na primeira rodada do Campeonato Pernambucano de 2016, Tarcísio da Buzina seria alvo de críticas e protestos justamente do treinador do time de Zé do Rádio? Pois aconteceu. Durante a coletiva de imprensa, Falcão falou mais do incômodo com a buzina do que deu explicações para a derrota de seu time. Logo ele, um ex-jogador acostumado a jogar em grandes estádios, lotados, e, consequentemente, barulhentos. Pasmem! Falcão reclamou que era um desrespeito um treinador não conseguir conversar com seu comandados.

site: globoesporte.globo.com
E quem diria que o folclórico Tarcísio seria criticado até por reportar(es) esportivo(s)? Logo a imprensa, que gosta de relembrar os tempos bons do futebol e que sempre exaltava Zé do Rádio, agora passou a engrossar o coro de Falcão. Como exemplo, basta conferir a crítica do repórter e blogueiro Wellington Araújo, em sua conta no Twitter, chamando o torcedor mais famoso do Sertão pernambucano de palhaço.

Twitter do repórter Wellington Araújo
O futebol realmente está ficando chato. Ou, talvez, sejam as pessoas. Estas, sim, devem estar ficando chatas. Não Tarcísio. Se a buzina fosse chata, não haveria torcedores ao lado de Tarcísio nas arquibancadas. Se Tarcísio fizesse mal ao futebol já teria sido banido pelo torcedores do próprio Salgueiro há muito tempo. Desculpem-me, Falcão e Wellington, para o bem do futebol, precisamos de mais Tarcísios nos estádios para mantermos vivo o lado bom do futebol, que tem sido esquecido ao longo dos tempos.

Felizmente, nem tudo é só tristeza. Nessa mesma rodada, marcada pelo protesto contra a buzina, um desses protagonistas de momentos bons do futebol de tempos passados ressurgiu. O Bonzão, da Timbucana, voltou às arquibancadas. Dançou muito frevo na Arena Pernambuco, posou para fotos e fez a festa da torcida alvirrubra, como vemos no vídeo a seguir.


O Bonzão mostrou que a esperança por dias mais alegres no futebol ainda existe. Apesar dos chatos que querem tornar o futebol chato.