29/04/2012: fim da linha para o Timbuzinho no campeonato estadual. Final oficialmente, porque, na realidade, o campeonato havia acabado para muitos há uma semana atrás. Tudo começou no domingo passado quando Ricardo (Ladrão) Tavares apitou o fim do primeiro jogo da semi-final:
- Terminou.
- Perdemos em casa por 2x1. Vamos ter que ganhar fora.
- Dá não. Domingo a gente vem de novo pro bar, né?
- Venho nada.
- Também venho não.
- Eu venho.
- Eu me junto a vocês e não venho. Acabou para mim também.
- Eu não acredito na virada, mas venho.
- Eu não vou.
- Pelo jeito vai ter só uns gatos pingados no bar no próximo domingo.
A semana foi passando. A turma foi trocando e-mails e o que se viam eram poucas confirmações. Fracasso certo de público no Bar do Náutico.
Chegou o domingo, o dia do juízo final para o timbuzinho abandonado à própria sorte por sua torcida. Chegam os primeiros torcedores:
- Saudações alvirr... O que? O que estás fazendo aqui, rapaz?
- Eu não vinha, mas não consegui ficar em casa.
E quem disse que a torcida conseguia ficar em casa. E foi chegando mais gente. Quem disse que não iria comaparecer, apareceu. Depois chegou outro e mais outro. Pronto! Bar do Náutico de novo cheio. Essa torcida do Náutico é realmente apaixonada demais. Até quando ninguém mais acredita no time, até quando os torcedores dizem que não querem mais saber, a paixão fala mais alto.
A torcida chegou com 1% de esperança. Depois da segunda cerveja, a esperança já era de 30%. Quando o juíz apitou o início do jogo, o time já era o melhor do mundo.
- Bora, timbu!
- Aperta, aperta.
- Isso, Derley.
- Agoraaaa! Quaaaaase!
Primeiro lance de perigo, com um minuto de jogo. Náutico jogando no campo do adversário que só se defendia, confiando na larga vantagem. Uma chance, duas, três... todas desperdiçadas.
- Está faltando atacante, Velho! Depender de Siloé para fazer gol é pau!
- De que adianta, criar tanta chance e não fazer.
- Uma coisa é certa. Mesmo se não ganhar, o time já parece ser outro com Gallo.
- Para mim, a melhor mudança não foi mérito de Gallo, foi a saída do cachaceiro-sanguessuga do Eduardo Ramos.
- É verdade.
- Agoooorra. O zagueiro caiu. Faaaaaaaz!
- Chuta, po!
- Uhuuuuuu!
- De novo!
- Po... Filha da p...! Acerta esse pé.
O primeiro tempo terminou com domínio territorial do Náutico e algumas chances claras de gol. O adversário o tempo todo retrancado com três zagueiros e três volantes, confiado na ineficiência do ataque alvirrubro. Se por um lado, o time atacava com a maior vontade do mundo, de igual tamanho era a dificuldade para finalizar, tabelar e envolver o adversário.
- Gostei do primeiro tempo.
- Perdemos chance demais. De que adianta?
- O que eu mais gostei do primeiro tempo foi desse sarapatel!
- Hahahahahaha!
- Aí é unamidade!
- Hahahahahaha!
No primeiro tempo foram sete escanteios a favor e nenhum contra. O Náutico chegava ao seu
limite técnico. Esperar mais do que aquilo, era saber que o futebol
sempre podia pregar surpresas. Essa era a esperança. Mas o segundo tempo não foi como o primeiro. O domínio não foi mais o mesmo. E o adversário, coitado, que só não era tão ruim porque o Náutico conseguia ser ainda mais, até saiu para o ataque, marcou a saída de bola e acabou com o jogo do Timbu. Gallo ainda resolveu "colaborar" tirando o único meia de ofício do time. Daí para frente, o jogo passou a ser de chutão para frente. Do goleiro para o zagueiro e, deste, lançamento direto para Dorielton matar de canela.
- Dá não, veio. Com esse toque de bola triste, pode jogar até amanhã que não faz gol.
- Se brincar, vai acabar tomando um de contra-ataque.
- Duvido que a gente faça um gol.
- Agooooorrra.
- Vai.
- Chutaaaa!
- Goooooooooolllllllllll!
- Goooooolllllllllllllllllllllll!
- Gol de Souza!!!!
- É Gooooooooooollllll!
- Anulou!
- Não acredito!
- Táquipariu!
- Olha o replay!
- Gol legítimo! Bando de ladrão!
O tempo passou, o time lutou, mas o gol não saiu. E tinha que ter saído pelo menos dois. Não deu. Fim de jogo.
- A gente já esperava. Eu só vim para poder tomar uma com os amigos.
- O time fez o que podia fazer. Lutou até o fim.
- Mas não dava para jogar mais do que isso. A gente até torceu, mas o time é esse aí. Tem que mudar muita coisa para o Brasileirão. Por mim só fica Gideão e Derley.
- E Souza também.
- E os zagueiros.
- E Elicarlos, não?
- E só. Pode mudar o resto tudinho.
- Só não pode mudar uma coisa: essa nossa torcida.
- Falou e disse.
- Quando começa o Brasileirão mesmo?
- Dia 19, sábado, 8 da noite, horário de Manaus: Figueirense x Náutico.
- Já está mais do que confirmado.
Estou botando fé na "mucura". Nesse dia faltou eu.
ResponderExcluirEstou botando fé na "mucura". Nesse dia faltou eu.
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