segunda-feira, 18 de junho de 2012

1x0. O fantasma foi exorcizado.

Era um jogo duro, de muita marcação e correria. Náutico e Grêmio faziam uma partida truncada. O time alvirrubro era mais pressão, mas criava pouco. Os gremistas jogavam no contra-ataque e eram mais perigosos. O tempo ia passando, a torcida ficava apreensiva, mas o gol não saía. O Náutico rondava mais a área, tinha 62% de posse de bola, mas Victor pouco trabalhava. O Grêmio fazia muitas faltas, levava cartões, mas já tinha a mesma quantidade de finalizações nossas. Até a trave os danados ja tinham acertados.

- Rapaz que jogo disputado. Como é difícil vencer esses caras!
- Tem que ser hoje. O tabu vai acabar.

Era 20 minutos do segundo tempo, quando Gallo botou no time Breitner e Cleverson. Mudou o time e, com isso, mudou a história do jogo. Com dois jogadores de velocidade, o Timbu cresceu. O Grêmio não mais retia a bola no ataque e o Timbu partia para cima com vontade. A torcida cresceu junto, no estádio e bar.

- Bora, Timbu! Só um golzinho.
- Esse jogo vai ser um a zero mesmo, no finalzinho.
- Nada! Dá tempo de fazer 2x0 ainda.
- Vai ser um a zero, chorado. De bola parada.

Eram 36 minutos do segundo tempo, o Náutico não tinha nenhum cartão amarelo, quando o Grêmio tomava seu sexto cartão amarelo na partida. O segundo do mesmo jogador. Resultado: expulso. Passou um filme na cabeça de todos: Grêmio na retranca, com um a menos. Não. Não era possível. De novo não.

- Expulsa! Expulsa!
- Aê, cartão vermelho!
- Não, juíz! Não pode expulsar jogador deles.
- Calma. Um pode, só não pode expulsar quatro.
- KKKKKKK!

Agora sim. Aumentava o sufoco para o tricolor gaúcho que agora era só chutão. Aumentava o abafa do time alvirrubro que era só coração, raça e muita disposição. A torcida apoiava, mas a angústia tomava conta de todos. Não! Hoje não! De novo não!

44 minutos do segundo tempo. Raro contra-ataque do Grêmio, que conseguiu chegar até a área e finalizou cruzado. A bola passou na frente da área e não encontrou ninguém.

- Tá bom de acabar juíz. É melhor acabar logo, antes que a gente tome um gol.
- Tem 3 minutos ainda. Calma!
- Tá bom. Quero correr risco mais não. Esse adversário é perigoso.
- Vai, Breitner!
- Boa! Escanteio!
- Agora. Vai ser gol de Ronaldo Alves. Gol de Ronaldo Alves.
- Já chegamos aos 46 minutos.
- Cruza na cabeça de Ronaldo Alves!
- Mas que bosta de escanteio! Fácil para a defesa.
- É nossa de novo.
- Agooooorrraaaaaa!
- GoOoOOOoOOOooL!
- GoOooooOoooOOoOOOooL!
- GoOoOOOoOOOooL!
- Ronaldo Alves, caramba! Eu falei! Eu falei!
- É goooooooooooooooooooooooool!!
- É gol! É gol! É gol! É gol! É gol! É gol!

Saiu o gol, nos descontos. Festa no Bar do Náutico como pouco se viu antes. Ninguém se aguentou. Teve gente gritando. Teve gente subindo nas cadeiras. Teve gente se abraçando. Era quase um título. Era mais que uma vitória. Era uma ferida que se fechava. O tabu estava quebrado. Não. Não era pela vitória sobre o Grêmio após 21 anos. Ninguém se importava com isso. Era pelo que o Gremio representou nos últimos 6 anos e meio de nossa história. Era algo maior. Era a vitória que representava uma volta por cima, o fim de uma espera. Tínhamos que vencer assim. Nos descontos. Na raça. Na emoção.

17 de junho de 2012: o fantasma estava, finalmente, exorcizado.


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