Era noite de quarta-feira, dia 06 de junho. O jogo cedinho, as 19h30. O trânsito era pesado, mas a torcida chegou. Em cima da hora, mas chegou.
- E aí, pessoal? Dá para ganhar hoje?
- Ganhar vai ser muito difícil, mas pelo um empate eu tenho fé.
- Derrota hoje é resultado normal. Time feito em cima da hora, enfrentando um time certinho como o Vasco...
- Que nada! Eu estou confiante. Até fiz uma aposta com minha esposa. Se o Náutico ganhar, vou tomar todas e, quando chegar em casa de madrugada, ainda vou lavar o banheiro.
- KKKK.
- Ah, então já entendi. Tu fizeste essa aposta porque não tá nem querendo lavar o banheiro. Por que não fez num jogo mais fácil?
- KKKKK.
A torcida tinha esperança, compareceu acreditando na possibilidade de um resultado positivo, mas estava ciente de que o adversário era favorito. Quando o jogo começou, os primeiros dez minutos aumentaram ainda mais a confiança.
- Boa noite, pessoal! Quanto tá o jogo?
- Um a zero Náutico!
- Deixa de mentira. Estou vendo o placar aqui no zero a zero. Mas está jogaando bem?
- Surpreendentemente, nestes primeiros 10 minutos, o Náutico está encarando o Vasco de frente. Está até com mais posse de bola.
- Sério?
- Está tocando bem a bola. Já chutou mais vezes a gol. O Vasco está meio devagar.
- Bora ganhar esse negócio!
- Agora, vai Kim! Uhuuuuuu!
- Boa jogada!
O tempo foi passando. Aos poucos a empolgação do Náutico começava a esfriar. O Vasco, que até então errava passes e só olhava o jogo, começou a marcar a saída de bola. O jogo foi mudando e o Vasco em pouco tempo já era mais perigoso.
- Que moleza essa marcação!
- Lúcio e Martinez estão perdidos.
- Estavam dizendo que Martinez estava comendo a bola nos treinos.
- Tem que botar Souza neste time. Nao existe ele ser banco.
- Olha para aí, tira essa bola, Ronaldo.
- Outra falta. Olha que perigo!
- Falta de Martinez de novo.
- Tirou! Boa, zagueiro!
- Lá vem de novo. Penalte.
- Penalte não. Se jogou.
- Devia ter levado amarelo esse Diego Souza.
O jogo começava a ficar perigoso. A defesa falhava na marcação e não tinha saída de bola. E foi num lance bobo que a derrota começou a se desenhar. Ronaldo Alves, sem opção de jogo, entrega para Derley, no fogo, de costas. Falha bizarra da dupla. Éder Luis roubou e tocou para Alecsandro, livre, tocar no cantinho: Vasco 1 x 0.
- Acabou-se o meio de campo.
- É, parece que o banheiro da casa de Fernando vai continuar sujo hoje a noite.
- Eita! Ninguém vai marcar não!
- Golaço do Vasco!
- Golaço nada. Frango de Gideão.
Era o segundo gol. Felipe de fora da área, dando um corte fácil em Kim e temdo "300 anos" sem marcação. Deu para ajeitar, pensar e mandar a bomba de curva. Sem defesa para Gideão. Até o final do primeiro tempo, só o Vasco jogou.
No segundo tempo, Gallo teve seu momento de lucidez: Souza, finalmente, entrava no time e, com ele, também Rhayner no ataque.
- Rhayner! Que grata surpresa. Está jogando melhor do que Kim.
- E Souza também entrou bem. Como pode ser banco nesse time?
Com a mudanças, o Náutico parecia outro time no segundo tempo. Toque de bola voltou a funcionar e as chances começavam a aparecer. Souza distribuía bem o jogo e Rhayner se movimentava com velocidade.
- Olha a mensagem que acabei de receber no celular: "Esse Souza é muito ruim".
- Oxe! O cara entrou muito bem.
- Olha que boa jogada!
- Cruza, Lúcio!
- Agora!
- Pegaaaaaaaa!
- Uhuuuuu!
- Que defesa de Fernando Prass!
- Foi Rhayner que cabeceou.
- Muito azar não fazer esse gol. Iria pôr fogo no jogo.
O segundo tempo realmente estava para o Náutico. Vaias começavam a ser ouvidas em São Januário. As chances começavam a ser criadas, mas faltava justamente a qualidade para botar a bola para dentro. Qualidade de sobrava ao Vasco. Pouco tempo após a chance de gol desperdiçada do Náutico, num dos poucos ataques do Vasco, a chance foi criada e aproveitada com eficiência. Bola de pé em pé: Alecsandro para Diego Souza, este para Juninho e de Juninho para o gol. Belo gol. O Vasco não atacava, mas quando fez, foi mortal: 3x0. Placar que, praticamente, definia a partida.
- Pode pedir outro arrumadinho que agora a coisa está feia.
- Olha aí! Faz, Martinez!
- Goooooll!
- Golaço!
- Que gol arretado!
O Náutico diminuia. Seria até uma maldade, depois do bom futebol do segundo tempo, não fazer pelo menos um gol. Gol de Martinez, que no segundo tempo havia crescido de produção com todo o time.
- Bora que ainda dá tempo até de empatar.
- Tem que permanecer em cima.
- Só não pode vacilar.
- Foi só falar. Olha a merda.
- Juninho perdeu cara a cara.
- Bora, Náutico. Bola para Rhayner.
- Isso!
- Esse é outro que entrou bem.
- Outro passe errado.
- Sai, Gideããão!
- Gol do Vasco.
- É brincadeira, hein?
O Vasco fazia 4x1 e voltava a tranquilizar o jogo e a vitória. A partir daí, o Vasco valorizava a posse de bola. O Náutico seguia tentando e levando contra-ataques. Duas grandes chances surgiram. Ambas com Araújo, que, assim como nos jogos passados, as desperdiçava. De tanto insistir, Araújo, recebendo passe de Rhayner, finalmente (ALELUIA! ALELUIA!), driblou o goleiro e deu números finais a partida: 4x2.
- É Gol! Agora sim. Pelo menos não é mais goleada.
- Se considerar que essa derrota era normal, pelo menos foi de 2 gols apenas.
- Eita! Que torcedor conformado é esse?
- Não é conformado, não. É a realidade. As contratações foram boas, mas os jogadores contratados chegaram tudo agora. Vai demorar ainda para esse time engrenar.
- Acabou. Pensando dessa forma, perder de 4x2 é melhor do que 2x0.
- Sim, mas tem que começar a ganhar, engrenando ou não. Se não, vai ficar difícil.
Terminava a terceira partida do Náutico com Brasileirão. A segunda derrota. Agora serão duas partidas seguidas em casa. Domingo já tem o Botafogo. É hora de começar a vencer. Se a primeira vitória virá domingo, não sabemos. O certo é que o Bar do Náutico estará cheio novamente. Aliás, como sempre!
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