Manaus, 29 de outubro, 13:50. Faltam 30 minutos para o clássico que poderia deixar o Náutico mais próximo da Série A, mas o bar já começava a ficar cheio: Fernando, André, Adley... já estavam no bar marcando território. Apareceu até torcedor que nunca tinha aparecido no Bar.
- É hoje!
- E não se fala mais em outra coisa hoje em Recife.
- Hoje não, a semana toda.
- Não tem Pan Americano. Não tem Lula doente. Não tem crise mundial. O jogo é esse!
Todo mundo chegando cedo. CD com músicas do Náutico tocando. Quem chegava, já passava na frente do bar buzinando. Dia de clássico é sempre assim e a Torcida Manáutico continuava chegando: Júnior, Jerônimo, Thomas com o inseparável timbuzinho... Faltando 10 minutos, não tinha mais lugar para ninguém.
- Garçon, suspende a música que vai começar!
- Começou!
- Para cima Timbu!
- Isso! Já é falta.
- Cortou a zaga. Sobrou! Derleeeyy!
- Uhhhh! Passou perto.
- Tiro de meta.
- Boa, sobrou para nossa zaga!
- Ei, porra!
- Que merda é essa?
- Na trave!
- Mas quem fez esta besteira?
- Foi Marlon que entregou a bola de graça. A sorte é que foi na trave.
- Iria ser o gol no primeiro toque na bola do Sport.
O jogo começou eletrizante. O Náutico foi para cima logo no começo e, com menos de dois minutos de jogo, quase entrega um gol de graça. A partir daí, os dois times passavam a procurar o gol. O Náutico apostava na velocidade de Rogério, sempre partindo para cima dos marcadores. Já o adversário buscava cavar faltas para tentar o gol na sua única jogada de perigo: as bolas paradas.
- Caramba. Outra falta contra o Náutico.
- Esse juíz tá comprado. Não pode encostar que ele dá falta contra a gente.
- É tudo que eles querem.
Foram quatro faltas perto da área. Todas levantadas na área por Marcelinho. Todas rebatidas pela zaga ou defendidas por Gideão. Nesse meio termo, o Náutico chegava com chutes de Rogério, Derley e Peter.
Aos 23 minutos, Kiesa partiu em velocidade e foi calçado por Marcelinho. Na passada, Hamilton deixou a pé em Kiesa já caído. Confusão formada que terminaria da melhor forma possível:
- Hamilton pisou nele! Eu vi!
- O bandeirinha também viu, mas não falou nada.
- Não deu nem amarelo.
- Quem bate?
- Eduardo Ramos na bola.
- É agora!
- É goooollll!!!!!!
- GGGGOOOOOLLL!
- GGGGOOOOOLLL! GGGGOOOOOLLL!
- GOOOOOLLL!
- É gol! Levantaram tanta bola na nossa área e quem fez de cabeça foi a gente.
- Foi de Marlooooon.
- Peeeegaaaa, Magrão.
- A agora eles endoidam!
1x0. Timbu na frente, aumentando a vantagem dentro do G4. Resultado que "matava" o adversário. O gol em nada mudou o panorama da partida. Ameaça? Só de bola parada. Nosso meio de campo marcando muito e atacando em bloco. Na demorou muito para pintar a obra de arte do monstro Elicarlos e o bar voltar a festejar.
- Boa, Eli.
- Haha, Marcelinho passou lotado.
- Joga muito!
- Eita, passou por mais dois.
- Chuta! Chuta!
- Outro drible!
- Faz, miserável!
- GOOOOLLLLLL!
- Que golaaaaaaaço!
- GOOOOOOOOOOOLLL!
- GOOOLLLLLLLLLLLLLL!
- GGGGGGGOOOOOOOOLLLLLLLL!
O gol mais bonito da carreira de Elicarlos. O gol mais bonito do Náutico no ano. O gol mais bonito do campeonato. O gol que enterrou o Sport. Humilhante.
- Alô, tio!
- Ei, pô. Desliga esse telefone! Só pode ligar depois do jogo.
- É meu tio alvirrubro.
- Me dá esse telefone, me dá!
- Vai acabar o primeiro tempo. Tem que aproveitar, que eles não estão levando perigo, para fazer mais um.
- Outra falta para eles.
- Bateu longe, tá tranquilo.
Acabou o primeiro tempo e o hino do Náutico voltava a ecoar no bar. "Da união de duas cores mágicas, nasceu a força e a raça ....". Sorriso no rosto de todo mundo e muitos chamadas ao Garçon.
- Garçon, outra cerveja!
- Garçon, mais duas!
- Pô, garçon! Cadê a sua camisa do Náutico?
- Eu usei ontem, tem que lavar ainda.
- Pára com isso. É melhor uma camisa do Náutico suja do que outra limpa.
- Hahahahaha!
- Vou botar no próximo jogo.
- Agora desliga a música que já vai recomeçar.
O segundo tempo começou com uma mudança de postura. O Sport voltou com duas alterações e adiantou o time. Já o Náutico passou a explorar os contra-ataques. Na cabeça de todos passou o filme do empate com o Icasa. Mas dessa vez foi diferente.
- O Náutico está dando muito espaço.
- Mas pelo menos não está levando perigo ... até agora.
- Lá vem eles de novo.
- Boooaaaa, Rogério. Robou a bola desse Velhinho Paraíba.
- O bom de Rogério é que ele corre muito na frente e ainda volta para ajudar a defesa.
- Ei! Vai deixar chutar?!
- Gideããão! Goleirão! Pega muito!
- Mas não pode dar esse espaço todo. Foi de longe, mas deixaram chutar fácil.
O tempo ia passando. O ímpeto do Sport caindo e nossa marcação "voando baixo". O terceiro gol não saiu no contra-ataque, mas nem precisava. A vitória estava muito bem encaminhada e ficou ainda mais nítida quando Renato foi expulso.
- Ráááá. Agora acabou para eles.
- Cotovelada de graça. Perderam a cabeça.
- Adeus, Coisa!
- Eita, gol do Icasa! Ferrou-se o Bragantino!
- Excelente! Vamos subir!!!
- Outra falta para eles.
- Se roubar essa bola, é fazer o terceiro no contra-ataque.
- Tirou!
- Bora, Elton! Grande jogada!
- Agora! Três contra dois. Três contra dois.
- Pô, Rogério! Errou o passe.
- Dava para ter feito esse.
- Alô, Roberto!
- Deixa acabar, pô.
- Agora tem perigo não. faltam 30 segundos! Já podem telefonar a vontade.
- Acaboooou!!!!
- Enneeeeee.....!
- AAA-úúúú´- TÊ -iiii- CÊ - ó.
- Ene-a-u-tê-i-cê-o!
- Ene-a-u-tê-i-cê-o!
- Náutico! Náutico! Náutico!
- E agora?
- CERVEJAAAAAA!
Fim de jogo. Náutico permanece em terceiro, abrindo seis pontos para o quinto colocado. Duas vitórias (ou menos) separando o Náutico da Série A. Mais que isso: vitória no clássico, convencendo e invencibilidade mantida em casa. E o adversário? Nem mais na portaria está. Porteiro demitido!
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