- Cheguei!
- Olha a hora!
- O juíz estava só esperando eu chegar para começar.
- Vamos para mais uma vitória.
A torcida estava para lá de confiante naquela noite. Era o último dia de setembro e o timbu vice líder, com 47 pontos tinha pela frente o lanterna, Duque de Caxias com 10 pontos. Era jogo para se consolidar de vez na vice-liderança. Era jogo para o nosso ataque deslanchar e melhorar o saldo de gols, possível critério de desempate. Era jogo para nossa defesa, um dos pontos fortes do time, passar mais uma rodada sem tomar gols. Era jogo para a torcida fazer festa. Era para ser tranquilo. Era.... Tudo ficou no "era".
O começo do jogo até que parecia animador:
- A bola é nossa. Vamos pressionar.
- Bora para cima. Isso! Marcação pressão.
- Bola só no ataque.
Aos poucos o domínio territorial foi se mostrando inofensivo, com poucas chances de gols e muitos, mas muitos passes errados.
- Vai, Rogério!
- O que é isso Rogério? Não ganha uma desse lateral.
- Bora, Derley. A bola está queimando é?
- Vai, Eduardo Ramos, caçamba! Pára de ficar pedindo falta.
- Rogério está irreconhecível hoje.
- Pois é. E olhe que jogou muito no último jogo.
A coisa não ia bem. E aos poucos o Duque de Caxias até ia ao ataque de forma consciente, jogando bem a vontade. A torcida já começava a ficar impaciente.
- Faltaaaa!
- Agora vai!
- E tem quem bata?
- É Eduardo Ramos.
- Uhuuuuu! Passou perto.
- Opa, roubamos a bola.... outro passe errado.
O tempo passava e as poucas chances não resultavam em gol. Foi entao que o Duque resolveu mostrar que não estava morto. Uma boa jogada de Erick Flores, se livrou da marcação e serviu o companheiro livre na quina da pequena área. Ele e Glédson. Todos já esperavam o gol, mas aconteceu o melhor lance da noite. Uma furada espetacular, digna dos maiores pernas de pau da história. Foi o lance que tirou as caras amarradas de todos no bar para uma grande gargalhada, logo seguida de reclamação:
- Hahahahahaha!
- KKKKKK!
- Meu Deus! O que foi isto?
- Eu estava procurando a bola dentro do gol.
- Só faltava tomar um gol agora para complicar ainda mais um jogo desse, que era para ser fácil.
- 40 minutos já!
- Agora! Boa Eduardo! Faz alguma coisa!
- Grande toque de Kiesa.
- Vaaaaaaiii!
- Defendeu o goleiro.
- Foi boa a jogada. Kiesa resolveu aparecer também. Quando ele participa sai alguma coisa boa.
Foi só para o primeiro tempo. Durante o intervalo a preocupação já aparecia.
- Gols em quase todos os jogos e a gente se enrolando com um time desses.
- Este jogo está igual a Náutico x Salgueiro.
- Se pelo menos terminar igual está bom.
Começa o segundo tempo. O timbu voltou mais ligado no jogo e resolveu partir para cima. Logo no começo, uma sequencia de escanteios, encurralando o adversário. A torcida cresceu junto com o time na expectativa do gol, mas a pressão não durou muito. Sucessivos passes errados e o adversário começando a contra-atacar deixavam o jogo cada vez mais tenso.
- Que doidice arretada, véi.
- Bota a bola no chão!
- Substituição agora. Logo duas.
- Alexandro e...
- NNÃÃÃOOOOO!
- Sim, ele mesmo e Moisés. Sai Peter e Rogério.
- Olha, Moisés aí! Que boa jogada, garoto! Cruzaaaa!
- Escanteio de novo.
- Esse Moisés é bom. Não sei porque ele nunca entra.
- Olha aí. Outro escanteio agora.
- Vamos, Ronaldo! É tua essa.
- Vaaaaiiiiii!
- Goooollll!
- Gol! Gol! Gol! Gol!
- Goooollll!
- Ene-A-U-Tê-I-Cê-O!
- Ene-A-U-Tê-I-Cê-O!
- Ene-A-U-Tê-I-Cê-O!
- Náutico! Náutico! Náutico!
- Foi Kiesa! Sempre ele!
- Eita! Impedidaço!
- Tava não. O juíz nunca erra a favor. Então não tava.
- Finalmente. Já pode botar Diego Bispo, hahahahaha!
Depois do gol o adversário tentou o empate de todo jeito. Afinal, faltavam apenas 15 minutos. Abriu a defesa e o Náutico teve campo para matar o jogo. Vários contra-ataques surgiram com Kiesa, Moisés e Alexandro não concluindo bem as jogadas. O final do jogo se aproximava e, a essa altura, o Náutico começava a se preparar para fechar a defesa. Aos 45 minutos, chute do adversário de fora da área desvia na zaga e vai para escanteio.
- É só marcar certinho e acabar o jogo.
- Bateu o escanteio rápido. Ninguém vai marcar não?
- Vai deixar cruzar?
- Atenção minha zaga... Na mão do goleiro.
- Nããããoooo!
- Gol.
- Putaqueupariu!
Inacreditável! Escanteio batido rápido e todos os jogadores do Náutico dentro da área. Ninguém marcando o jogador livre perto da lateral da área, que recebeu livre o passe do escanteio e cruzou. Na área estavam apenas 3 jogadores do Duque contra 6 mais o goleiro do Náutico. O cruzamento foi ruim, na direção de nenhum atacante. O zagueiro Ronaldo Alves se preparava para saltar e fazer o corte. Eis que, todo atabalhoado, sai Glédson do gol e, ao tentar socar a bola, atropela nosso zagueirão dando um tapa de moça na bola que cai para o adversário na marca do penalte. Este, de costas, dá uma puxeta e joga a bola por cima da defesa para dentro do gol.
Frustração! Decepção! Raiva! Todos oa adjetivos nos cabiam naquela sexta-feira. O certo é que todos estavam putos com o que viram. Numa tremenda bobeira, contra um pato morto, deixamos de fazer 3 pontos certos em casa e, de quebra, perdemos a segunda posição. Fim de semana estragado já na sexta-feira.
- Garçon, fecha a conta!
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